O empresariado do setor de petróleo
iniciou um lobby aberto de convencimento de parlamentares para que aprovem o
mais rapidamente possível a nova Lei dos Royalties. Existe entre os dirigentes
das petroleiras o temor de que a votação demore e o governo acabe adiando as
rodadas de licitação de blocos exploratórios anunciadas no dia 18/09/2012.
O anúncio entusiasmou as empresas, que
planejam disputar as áreas no pós-sal e no pré-sal. A Petrobrás - que
obrigatoriamente será operadora de todas as novas áreas exploratórias do
pré-sal - já informou que tem interesse e caixa disponível para participar das
duas rodadas previstas para o ano que vem, em maio e novembro.
"Temos os
recursos necessários, mas isso é confidencial", afirmou a presidente da
estatal, Graça Foster, após participar de audiência pública na Câmara dos
Deputados.
O lobby pró-leilão foi defendido ontem
publicamente por um dos diretores da companhia Barra Energia, presidida por
João Carlos de Luca, também presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (IBP), mais importante entidade representativa das
grandes petroleiras. Para os empresários, os congressistas estão alheios à
situação das empresas, há quatro anos na expectativa da realização de novos
leilões.
Segundo o IBP, nenhum senador ou
deputado federal visitara até ontem à noite a Rio Oil & Gás, maior feira de
petróleo da América Latina, iniciada há três dias, e que termina hoje.
O diretor estatutário da Barra
Energia, Luciano Seixas Chagas, sugeriu que empresários e até jornalistas
pressionem o Congresso a votar o quanto antes a Lei dos Royalties, para que
sejam realizadas as duas rodadas anunciadas pelo governo para 2013. "Esse
congresso (a Rio Oil & Gas) foi de pressão.
Uma pressão honesta, justa, uma
pressão empresarial via IBP." O executivo acrescentou que
"investidores carregados de dinheiro" não investem no pré-sal e no
pós-sal brasileiros "por conta de um processo burocrático".
Já o presidente do IBP disse que
executivos de operadoras manifestaram grande interesse em participar dos
leilões de 2013. "As empresas estavam ansiosas por áreas, os investimentos
vão acontecer."
Segundo o anúncio do governo, em maio
será realizado o leilão de 174 blocos (87 no pós-sal e outros 87 terrestres).
Será a 11.ª rodada de licitações, aguardada desde 2008, quando ocorreu a 10.ª.
O leilão do pré-sal, o primeiro do sistema de partilha, foi marcado para
novembro. Mas as datas poderão mudar se a Lei dos Royalties não for votada.
A questão do número de blocos da 11.ª
rodada também preocupa os empresários. Apesar de 174 blocos terem sido
aprovados pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em atendimento
ao proposto pela ANP, o número final pode ser alterado. Entre os motivos, estão
questões ambientais e estratégicas.
Áreas com dificuldade de obtenção de
licenças do Ibama poderão ser retiradas. Também poderão sair blocos marítimos
da margem equatorial (do Amapá ao Rio Grande do Norte) com estimativa de grande
potencial petrolífero.
Nesse caso, para dar ao governo condições de estabelecer
regras específicas de exploração, como ocorreu no Sudeste.
Para o diretor de Produção da Queiroz
Galvão Exploração e Produção, Danilo Oliveira, "todas as empresas do
setor" estão interessadas em participar das duas rodadas. Ele destacou o
pré-sal como "o filé mignon do petróleo brasileiro".
O chefe operacional da Repsol Sinopec,
Angel Gonzalez Lastra, também disse que a companhia disputará as rodadas,
aproveitando a experiência adquirida em áreas exploratórias geologicamente
parecidas, como em Angola. "Vamos participar", garantiu.
Fonte: Estadão SP.
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