O Senado se antecipou ao Executivo
e já tem pronta uma proposta de reforma tributária para pôr fim à
guerra fiscal no país. Costurada por um grupo de notáveis, com base em
consensos com a equipe econômica e governos estaduais, a ideia é fazer
as mudanças de forma fatiada, começando pela unificação das alíquotas
interestaduais do ICMS em 4% no prazo de oito anos. Novos incentivos só
poderiam ser concedidos pelos estados com aprovação prévia do Conselho
Nacional de Política Fazendária (Confaz), e quem infringir as regras
poderá ser punido com até quatro anos de prisão.
No próximo dia 30, serão entregues ao presidente do Senado, José Sarney, dois anteprojetos: um de lei
complementar e uma proposta de emenda constitucional (PEC). O primeiro
mantém a exigência de aprovação unânime do Confaz para a aprovação de
estímulos e demais questões tributárias relativas ao ICMS. Mas abre uma
exceção ao estabelecer quórum mínimo de dois terços do Conselho para
aprovar incentivos que atendam a determinadas condições, como aplicação
exclusiva na indústria e destinação a estados com renda per capita
abaixo da média nacional.
Já a PEC prevê a cobrança do ICMS no destino, com uniformização da alíquota interestadual em 4%,
no prazo de oito anos. Nesse período, as alíquotas atuais, de 7% e 12%,
seriam reduzidas gradativamente. Essa proposta já vinha sendo discutida
pela equipe econômica no Confaz, mas não foi concluída.
Sarney deve aprovar
Segundo
o tributarista Ives Gandra, que participa da comissão, as propostas são
resultado de análises sobre a reforma tributária, sondagens a governo
federal, estados e parlamentares, além de estudo de decisões já tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
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A ideia é acabar com a guerra fiscal. Por isso, a proposta inclui a
adoção de medidas complementares, como a proposta de alterar o Código
Penal para impor punições – disse Gandra. – Acabaria a peregrinação das
empresas pelos estados.
Segundo Andrea Calabi, secretário de
Fazenda de São Paulo, um dos estados mais afetados pela guerra fiscal, a
discussão sobre a reforma tributária está cada vez mais madura. Ele
disse que, ainda este ano, os estados deverão começar a alterar suas
regras.
Segundo fontes ligadas a Sarney, ele deve acolher
as propostas, que serão enviadas ao plenário e encaminhadas às
comissões de Constituição e Justiça
(CCJ) e de Assuntos Econômicos (CAE). As fontes disseram ainda que o
Senado pode prorrogar a vigência da resolução 13 até que o Congresso
aprove a reforma. Além de Gandra, estão na comissão Everardo Maciel,
Nelson Jobim e João Paulo dos Reis Velloso, entre outros.
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