O
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, conseguiu na esfera
administrativa uma decisão para não ser obrigado a recolher o ICMS na
importação de materiais hospitalares. Especialistas afirmam que essa é a
primeira vez que o tema chega à Câmara Superior do Tribunal de Impostos
e Taxas (TIT) de São Paulo. Por essa razão, o precedente deverá guiar
as decisões na instância administrativa.
O hospital foi autuado em
2011 e deveria pagar cerca de R$ 360 mil pelo não recolhimento de ICMS
na importação. A instituição, que não tem fins lucrativos, recorreu ao
próprio órgão administrativo, alegando que a operação seria isenta, de
acordo com o artigo nº 150 da Constituição. O dispositivo estabelece que
não incidem impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços de
"instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos".
A
argumentação da empresa foi acolhida pela maioria dos juízes da Câmara
Superior do TIT. O contribuinte venceu por 12 votos a quatro. O relator
do caso, João Carlos Csillag, era a favor da manutenção da autuação e
foi voto vencido.
Para Csillag, a não incidência do imposto
não abarca a importação. "O fato gerador [do ICMS] decorre da importação
de mercadoria do exterior, sendo que a destinação posterior da mesma -
eventual integração ao patrimônio do contribuinte - é irrelevante no
momento do desembaraço aduaneiro", afirma na decisão.
Já o
juiz Luiz Fernando Mussolini, que formulou o voto divergente, diz que
muitos contribuintes preferiam discutir as autuações no Judiciário, onde
as decisões têm sido favoráveis ao contribuintes, e essa é a primeira
vez que o tema chega à Câmara Superior do TIT. Mussolini destaca,
entretanto, que o posicionamento não altera necessariamente as
fiscalizações. "É difícil mudar a decisão na Câmara Superior, mas ela
não vincula a fiscalização", afirma.
O advogado do hospital no
processo, Daniel Vitor Bellan, do Lacaz Martins Pereira Neto Guirevich e
Schoueri, diz que a instituição é parte em ações similares tanto no
administrativo quanto no Judiciário. A assessoria de imprensa do
hospital afirma ainda que a decisão "é de extrema importância para que a
instituição siga cumprindo a missão de cuidar da saúde da população".
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