Presidente afirma que medida que beneficia mais de 50 setores e
que venceria no fim de 2014 vai se tornar permanente. Questionada sobre excesso
de otimismo, Dilma diz que é ‘imperdoável um governo pessimista’.
A presidente Dilma Rousseff decidiu tornar permanentes as
desonerações na folha de pagamento concedidas a setores da economia ao longo
dos últimos dois anos e que perderiam validade ao final de 2014. Entre os mais
de 50 setores contemplados com a desoneração, estão o têxtil e o de tecnologia
da informação. Ela descartou, porém, estender outras reduções tributárias, como
o IPI menor para produtos da linha branca e automóveis.
Sem entrar em detalhes, a presidente disse, em conversa com
jornalistas, acreditar que “muitas das desonerações pontuais feitas no passado
não são necessárias e, portanto, não vão ser feitas”. Afirmou, contudo, que não
está “pensando em alterar a desoneração da folha”, que “tende a ser
permanente”.
A sequência de redução de tributos para setores específicos está
no centro das críticas à política fiscal de Dilma. A presidente afirmou ontem
que promoveu uma política anticíclica (aumento de gastos para a estimular a
economia em períodos de baixo crescimento) e que, “quando a situação muda, você
muda os instrumentos”.
“Se você me perguntar vocês querem fazer?’, não temos nenhuma
predileção por ficar fazendo política anticíclica, até porque é custosa. Quanto
mais cedo sairmos disso, melhor para o país.”
SANGUE, SUOR E LÁGRIMAS
Dilma foi questionada também se o excesso de intervencionismo e de
otimismo no governo gerou reações negativas do mercado externo. “Acho que é
absolutamente imperdoável um governo pessimista”, disse.
“A não ser algum que está diante da guerra, e mesmo assim eu
prefiro a linha [do primeiro-ministro britânico Winston] Churchill: Sangue,
suor e lágrimas’, vamos até o fim, vamos derrotar, porque é assim que se ganham
as coisas.” Ao assumir o governo em 1940, diante da ameaça da invasão nazista
na 2ª Guerra Mundial, Churchill fez um famoso discurso no qual oferecia ao povo
“sangue, trabalho, lágrimas e suor”.
Segundo Dilma, diante das crises, governos são levados a fazer
intervenção na economia. A presidente citou os EUA, cujo banco central usava
mensalmente US$ 85 bilhões (política revista ontem) para comprar títulos públicos.
Dilma afirmou também que, no início do governo, o Planalto cunhava projeções
otimistas porque, segundo ela, ninguém esperava à época que a crise piorasse.
Dilma anunciou que fará reforma ministerial a partir do final de janeiro e
pretende completar todas as trocas de ministros até o Carnaval. E foi enfática
em relação à permanência de Guido Mantega na Fazenda.
Fonte: Folha de São Paulo.