O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda,
Márcio Holland, reforçou hoje (29) a intenção do governo de tornar permanente
a desoneração da folha de pagamento para diversos setores da economia.
Atualmente, 56 setores e segmentos são beneficiados pelas medidas
anticíclicas adotadas pelo governo para combater a crise internacional, que
começou em 2008. Nesta quarta-feira, os efeitos das medidas foram avaliados por
uma comissão formada por representantes dos trabalhadores, dos patrões e do
governo. Segundo o secretário, já houve manifestações do governo no sentido
de tornar permanente a desoneração, e avaliações vem demonstrando que a
medida é qualificada para continuar, pois está beneficiando a economia
brasileira.
O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil
(CGTB), Ubiraci Dantas, no entanto, reclamou das medidas, afirmando que
desonerar é “dar com uma mão e tirar com a outra”. “Quando se atende o empresariado,
como forma de dar mais competitividade aos setores e aumenta os juros para
dois dígitos, com o câmbio oscilando para baixo e para cima, termina
enfraquecendo a indústria nacional, com desemprego”, afirmou Dantas. Ele
ressaltou também que a arrecadação da Previdência fica prejudicada com a
desoneração da folha. O secretário da Força Sindical, Sérgio Leite, confirmou
a reocupação com as contas da Previdência Social. “Temos outras questões,
como o fim do fator previdenciário. Do outro lado, o governo nega, mas houve
uma desoneração de R$ 9 bilhões em 2013. Achamos importantes as medidas para
indústria nacional, desde que venham acompanhadas de contrapartida”,
acrescentou o sindicalista.
Holland lembrou, porém, que, nos anos 80 e 90, os
sindicatos defenderam a desoneração da folha de pagamento. Ele admitiu que a
preocupação dos trabalhadores com a perenidade da medida é o financiamento
estrutural da Previdência, mas ressaltou que são assuntos ainda por discutir.
Com a medida, as demissões foram retidas e as taxas caíram. E houve criação
de emprego, com uma economia adicional, por exemplo, no seguro-desemprego e
no abono salarial, entre outros benefícios, que poucos consideram além do
ganho social, destacou o secretário. “Desemprego é perda social muito séria.”
De acordo com Holland, só com os três primeiros setores
incluídos nas medidas de desoneração em 2011 (têxtil, vestuário e calçados),
o efeito no Produto Interno Bruto (PIB) chegou a 0,17%. A expectativa de
renúncia fiscal foi estimada em R$ 21,6 bilhões neste ano. Em 2013, o cálculo
é R$ 13 bilhões. O economista Flávio Castelo Branco, da Confederação Nacional
da Indústria (CNI), considera positiva a desoneração. “A medida tem mostrado,
gradativamente, impactos positivos e favoráveis na competitividade, com
garantia do nível de atividade das empresas, do emprego e da expectativa de
investimento e exportações”, disse o economista, que espera a continuidade da
medida. Números divulgados por Holland mostram que os repasses parciais do
Tesouro Nacional à Previdência para compensar as desonerações somaram R$ 1,72
bilhão, em 2012, e R$ 9 bilhões, no ano passado.
Os números de 2013 ainda não
estão fechados porque existe defasagem de três a quatro meses, já que a
arrecadação ocorreu em períodos posteriores e os dados não estavam
consolidados. A conta exata deve ser divulgada em abril. Com a desoneração da
folha de pagamento, que tem prazo até dezembro deste ano, retirando-se a
obrigação dos empresários de recolher 20% para a Previdência em troca de 1% a
2% sobre o faturamento, sem as receitas de exportação.
O secretário de Política Econômica lembrou que, sem os
benefícios da desoneração, setores ligados à tecnologia da informação e
comunicação, por exemplo, não teriam exportado nada no ano passado – o segmento
conseguiu vender US$ 2,5 bilhões, conforme dados apurados pela Associação
Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação. “Se não
fosse a medida, não teriam exportado absolutamente nada. Teriam virado pó
esses US$ 2,5 bilhões”, afirmou Holland. De acordo com o secretário, o
governo não pretende fazer novas desonerações da folha de pagamento este ano.
Isso não significa que, se o benefício for mantido em 2015, medidas venham a
ser adotadas para melhorar o sistema, numa espécie de “sintonia fina”.
|
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
Desoneração da folha de pagamento pode se tornar permanente, diz secretário.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário