Um
contribuinte que deseja reverter sentença que o condenou a pagar multa ao
Estado por irregularidades tributárias pode recorrer por meio de ação
anulatória, não tendo que ficar restrito ao uso dos embargos à execução, mesmo
que os débitos já tenham sido executados. O entendimento é da 3ª Câmara de
Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, que aceitou ação impetrada
por uma empresa e determinou que a primeira instância analise o mérito do
pedido.
A
companhia de comércio de material elétrico foi condenada a pagar pouco mais de
R$ 1 milhão de multa por débitos fiscais. Contra essa decisão, entrou com ação
anulatória. A primeira instância, porém, viu falha processual no
pedido, afirmando que ele deveria ser feito por embargos à execução. A inicial
foi indeferida, e a ação, declarada extinta por inadequação da via eleita.
A
defesa da empresa então entrou com recurso de apelação junto ao TJ-SP e teve
seu argumento acolhido. O relator do caso, desembargador Kleber Leyser de
Aquino, destacou que a Lei 6.830/80, em seu artigo 381, autoriza o ingresso
judicial da parte interessada fora dos autos da execução, em caso de mandado de
segurança, ação de repetição de indébito e ação anulatória da dívida exclusivamente.
“Cuida-se
também o pleito, de ‘direito de ação’, amparado no artigo 5º, inciso
XXXIV, alínea ‘a’, da Constituição Federal, que não pode ser obstado pelo fato
do interessado eleger uma das vias possíveis e legítimas”, decidiu Aquino.
Advogada
responsável pela defesa da empresa, Tássia Nogueira, do
escritório Ratc & Gueogjian, afirma que a decisão é uma boa notícia para os
contribuintes: "Na verdade, não é novidade este tema, mas é muito
interessante para os contribuintes que tentam discutir seus débitos tributários
através de ação anulatória. Muitos juízes entendem que não é cabível discutir
débitos executados por meio de ação anulatória, e sim por embargos à execução.
Então esta decisão é favorável aos contribuintes que escolhem discutir seus
débitos através de ação anulatória".
Fonte: Conjur,
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